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Notícia

Juros para empresas aumentam em 2014

O mês de fevereiro fechou com 11,3, um aumento de 0.2 pontos percentuais em relação ao mês de janeiro.

Apesar estabilidade na inadimplência, o spread para pessoa jurídica - diferença entre o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder um empréstimo - teve um aumento considerável no início desse ano. O mês de fevereiro fechou com 11,3, um aumento de 0.2 pontos percentuais em relação ao mês de janeiro. Comparado ao mesmo período de 2013, o aumento é de 0,6 pontos percentuais. Especialistas explicam que entre os fatores que contribuem para essa elevação, estão o baixo crescimento econômico, o baixo número de crédito, cobertura das taxas de operação e indiretamente, o aumento da taxa básica de juros (Selic).
Após a forte pressão do governo federal, no primeiro semestre de 2012 para a redução das taxas de linha de crédito, e com o fraco crescimento econômico, os bancos aproveitaram o ano de 2013 para melhorar sua rentabilidade por meio dessa captação. Segundo o economista João Augusto Sales, da Lopes Filho Consultores de Investimento, a partir de setembro e outubro de 2013, com a elevação da Selic, os spreads para pessoa jurídica também começaram a crescer. "Com a queda no volume de crédito, os bancos buscam melhorar sua rentabilidade por meio desse sistema", explica Sales. "A abertura do spread deu um maior sossego aos bancos para sua elevação, já que a taxa não pode mais reduzir", conclui o economista. Quando questionado se essa elevação pode aumentar o número de inadimplentes Sales acredita que raramente isso possa acontecer.
Para o professor de Finanças da Fipecafi, Mário Amigo, a estabilidade da inadimplência vai além da alta da Selic. "Acredito que as empresas estão ponderando mais diante da incerteza do cenário econômico, passando a ter uma maior educação financeira", comenta ele.
No entanto, o economista Nicola Tinga enfatiza que a elevação do spread e a baixa inadimplência é um movimento normal no mercado. Além da taxa Selic, a captação de recursos para a cobertura das operações financeiras também é uma justificativa para os altos números do spread.
"Com a negatividade sobre a economia e a queda de clientes, eu preciso aumentar as taxas para cobrir os custos de operações e insumos", afirma Tinga.
Banco Central
Na quinta-feira passada, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, avaliou que a alta generalizada dos juros em todas as modalidades de crédito em fevereiro é efeito da elevação da Selic desde abril de 2013. "O aumento das taxas foi abrangente, subiu na maior parte das modalidades." Ele destacou que a taxa de juros do cheque especial (156,6% ao ano em fevereiro) chegou ao seu patamar mais alto desde junho de 2012.
Questionado na época sobre a elevação das taxas mesmo em um cenário de queda de inadimplência, Maciel explicou que outros fatores também influenciam os spreads bancários. "A composição da carteira dos bancos e o perfil dos tomadores também impactam spreads, não apenas a inadimplência", argumentou.
O spread bancário médio no crédito livre subiu de 18,9 pontos percentuais em janeiro para 19,7 pontos percentuais em fevereiro, conforme o BC. O spread médio da pessoa física no crédito livre passou de 27,4 pontos percentuais para 28,7 pontos.
Para pessoa jurídica, o spread médio subiu de 11,7 pontos percentuais para 11,9 pontos percentuais no período. O spread médio do crédito direcionado subiu de 2,8 pontos percentuais para 2,9 pontos percentuais de janeiro para fevereiro.
O spread médio no crédito total passou de 11,8 pontos percentuais para 12,2 pontos percentuais. O BC informou também que a taxa de captação dos bancos no crédito livre ficou estável em 11,8% no período.