Notícia
Fim do desconto do IPI apressa vendas
As promoções continuarão valendo nos distribuidores da marca até o final do mês.
As montadoras intensificaram os feirões no último final de semana para alavancar as vendas de carros zero antes do término da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no fim deste mês. E tudo indica que deu certo. Os estandes estavam cheios e a expectativa dos vendedores era de triplicar as vendas em relação a um dia normal. Para atrair o consumidor, teve prazo de pagamento de até 72 meses, financiamento com taxa de juros zero, desconto de até R$ 3 mil e primeira parcela só para 2010.
A Renaut, que ocupou o estacionamento do Shopping Center Norte, foi uma das que adiaram o pagamento da primeira prestação para o ano que vem. Os financiamentos são de até 48 vezes, com entrada de 30%. Com o slogan "Arrasa preços", a montadora ofereceu o modelo Clio Campus a partir de R$ 22,990 mil, o Logan a partir de R$ 24,990 mil e o Sandero, com a direção hidráulica de série, por R$ 28,990 mil.
"É uma grande oportunidade para os clientes adquirirem modelos da marca antes do término da redução plena do IPI. As pessoas que vem aos feirões já estão decididas a fechar negócio. A nossa expectativa é de vender três vezes mais do que em um fim de semana normal, chegando à marca de mil carros neste feirão", disse o diretor de Vendas e de Rede da Renault Brasil, Ricardo Gondo.
A maioria dos compradores, segundo prévia de vendas no local, financiou em 60 vezes. Foi o caso do vendedor Wilson Leite, que comprou o seu primeiro carro. Ao contrário de Leite, a coordenadora pedagógica Sonia Picoli Rabetti aproveitou a redução de imposto e o desconto para pagar à vista. "Aproveitamos a oportunidade para comprar o primeiro carro do meu filho e ainda ganhamos um desconto de 10% no pagamento à vista. Valeu a pena. Meu filho nem imagina a surpresa", disse.
O maior prazo das montadoras, de até 72 parcelas, era com entrada de 20%. Foi o caso da GM, que realizou feirão no pátio da fábrica, em São Caetano do Sul. Já a Volkswagen fez três feirões simultâneos – no Shopping Interlar Aricanduva, ao lado do Playcenter e no estacionamento do Extra Anchieta – e ofereceu o Novo Gol 1.0 2010, com quatro portas, por R$ 27,590 mil sem entrada, em 24 vezes, com juros de 0,99% ao mês.
No feirão da Ford, realizado no estacionamento do Campo de Marte, na zona norte, o KA 1.0 2010, com travas, alarme e para-choques na cor do veículo saía por R$ 23,900 mil e o Fiesta Hatch 2010 com travas, alarme e altura regulada no banco do motorista por R$ 27,600 mil.
As promoções continuarão valendo nos distribuidores da marca até o final do mês. Além dos modelos novos, há a opção dos semi-novos e test-drive para toda a linha. "Esta é uma oportunidade única para quem quer comprar ou trocar de carro antes do aumento do IPI. Unimos toda a rede para oferecer os melhores produtos e os melhores preços", disse o gerente regional de Vendas, Fábio Colombo. O slogan da promoção é "Ofertas do Outro Mundo", e a expectativa da empresa é de negociar 2 mil veículos novos.
A redução total do IPI vale até o dia 30 deste mês. A partir de outubro, as alíquotas começam a subir até chegarem ao percentual original em janeiro – a partir de 7%, para carros populares com motores 1.0.
Cresce o crédito interno
A queda da taxa básica de juros para o menor nível da história do País, as perspectivas positivas para a economia e o medo do chamado risco cambial estão provocando uma drástica mudança no sistema de financiamento das empresas brasileiras. A consequência mais visível desse movimento é a disparada de quase 100% no volume de emissões de debêntures no mercado interno – de R$ 6,5 bilhões entre janeiro e agosto de 2008 para R$ 12,9 bilhões em igual intervalo deste ano.
"Muitas empresas acionavam os mercados externos em razão do tamanho da operação, dos prazos e das taxas (mais atraentes do que no Brasil). Hoje, elas conseguem fechar uma operação em reais com boas condições", afirma Sérgio Clemente, diretor executivo do Bradesco Corporate. "O mercado local ficou mais competitivo com a queda da Selic (taxa básica de juros)", emenda o vice-presidente da Associação Brasileira dos Bancos de Investimento (Anbid), Alberto Kiraly.
Clemente ressalta que isso não significa que o mercado interno esteja substituindo o externo. "A ida ao mercado internacional se justifica para empresas que tenham estrutura de capital vinculada ao dólar ou que 'sejam' em dólar, casos da Vale e da Petrobras."
Para o sócio da Tendências Consultoria Nathan Blanche, uma empresa com fluxo de caixa em reais paga mais caro, hoje, para se financiar no exterior do que no Brasil. Além disso, dizem os analistas, está pesando a má experiência de empresas brasileiras em 2008, quando o dólar disparou na crise. "Elas preferem não correr o risco da moeda", diz o diretor da Capitânia Asset e Risk Management, César Lauro da Costa. (AE)