Notícia
Prazo maior e juro menor para bens de capital
São condições excepcionais, que ajudam a encurtar a travessia difícil das empresas do setor
Adriana David
Taxas de juros a partir de 4,5% ao ano, longos prazos para pagar os financiamentos e ação com os agentes financiadores da Nossa Caixa. Esses são os atrativos das novas linhas de crédito que serão oferecidas até o fim do ano para o setor de bens de capital pelo banco paulista. Elas fazem parte de convênio com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que ontem também lançou o Cartão BNDES para aquisição de bens em até 48 vezes.
"São condições excepcionais, que ajudam a encurtar a travessia difícil das empresas do setor", disse o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que participou do lançamento na sede da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O novo crédito soma R$ 200 milhões. "A economia não vai se desenvolver se não tiver um setor de bens de capital forte."
A importância dessas novas linhas, segundo o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto, é viabilizar a preparação do setor para 2010. "No próximo ano haverá aumento nos investimentos em razão do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que deve ganhar força com as eleições. Além disso, há o programa 'Minha Casa, Minha Vida', a Copa do Mundo de 2014 e a exploração da camada de pré-sal", destacou. "Essa parceria é fundamental para oxigenar o setor. Quem sair na frente vai ter vantagem competitiva."
Antecipação – Para o presidente da Nossa Caixa, Demian Fiocca, os investimentos precisam crescer antes da demanda para gerar alta de produção. Ele considera que o treinamento dos funcionários, em especial os gerentes das agências, será o ponto fundamental para o amplo alcance das linhas.
O presidente do BNDES disse apostar em crescimento na economia entre 4,5% e 5% nos próximos anos por causa dos investimentos em infraestrutura. Segundo ele, o fundo garantidor de investimentos também vai ajudar as pequenas empresas, que correspondem a 75% do setor de bens de capital. "Espero que as linhas contribuam para a solução do problema da pequena empresa, que é oferecer garantias aos bancos."
Coutinho destacou ainda que a desoneração tributária deveria ser permanente e mais ampla. Ele afirmou que o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai encontrar um mecanismo mais eficiente. Para o presidente da Abimaq, o governo poderia, a curto prazo, liberar créditos de ICMS, PIS e Cofins. "Não queremos favor, apenas isonomia."
A primeira empresa a aderir à nova linha BNDES PSI foi a construtora Sanches Tricoloni, de Maringá, no Paraná. O diretor da companhia, Manuel Carlos Rosseto, disse ter contratado o empréstimo para comprar dez máquinas, no valor de R$ 2,5 milhões. A empresa vai pagar em dez anos, com juros de 4,5% ao ano. Para Rosseto, as maiores vantagens da linha são o prazo dilatado e o juro praticamente negativo. "Os rolos de pavimentação comprados vão nos deixar mais ágeis e competitivos. Algo vai mudar: agora os empresários é que vão ficar atrás dos vendedores de máquinas."