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Brasileiro volta a apostar na poupança
Caderneta teve melhor mês de julho desde 1994, com captação de R$ 6,67 bilhões. Especialistas veem novas aplicações com melhora da economia.
Patrícia Büll
Os depósitos voltaram a superar os saques na poupança em julho, levando as cadernetas a bater novo recorde de captação de recursos. Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) mostram que essas contas receberam R$ 6,67 bilhões em novas aplicações no mês passado – foi o melhor julho desde a criação do Plano Real, em 1994.
O bom resultado está relacionado a novos investimentos direcionados para a caderneta – ainda a modalidade mais tradicional no País (leia mais nesta página) – e não por uma eventual fuga dos fundos de renda fixa. A avaliação é de Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios. Segundo ele, o volume captado em julho é normal, consideradas a atratividade e a segurança da caderneta, principalmente para os pequenos aplicadores.
"Números recentes ainda não mostram queda substancial do volume de recursos aplicados nos fundos de renda fixa. Mas isso poderá ocorrer", destacou. Em resumo, os especialistas ainda não veem migração de recursos dos fundos para a caderneta. Isso poderia acontecer porque, com a queda da taxa básica de juros (Selic), que norteia os ganhos de muitos fundos, a poupança ficaria com rendimento maior. Vale lembrar que os cotistas pagam Imposto de Renda e taxas de administração, enquanto a caderneta é isenta de custos. Da possibilidade de migração, nociva para a engrenagem da economia, surgiu a ideia do governo de taxar as aplicações com mais de R$ 50 mil (leia nesta página), que ainda não saiu da fase da intenção.
Leite disse também que o ingresso de recursos pode ser creditado, em parte, à influência da crise financeira. Isso porque quem tem algum recurso quer se resguardar e quem ficou desempregado, prevendo dificuldade de recolocação, pode ter aplicado na poupança o valor da rescisão.
Além disso, a recuperação recente da poupança coincide com os dados de reação da atividade econômica, destacou o professor de finanças pessoais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fábio Gallo. Nos últimos meses, os indicadores de emprego e renda melhoraram, o que aumenta a capacidade de poupar da população.
Sequência – Em julho, a caderneta de poupança teve resultado positivo pelo terceiro mês consecutivo, segundo os dados do BC. Nesse período, as aplicações superaram as retiradas em R$ 10,64 bilhões. O desempenho foi mais que suficiente para anular o resultado negativo dos quatro primeiros meses do ano, quando houve saídas de R$ 1,52 bilhão. Em 31 de julho, o saldo de todas as contas de poupança somava R$ 290,3 bilhões. (*com AE)